sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ao mestre, com carinho:

Você não é nada sem a minha obediência.

3 comentários:

  1. Surpresa, Alegria, Medo, Fome. São estes alguns dos vários sentimentos despertos ao se deparar com o que acabou de ler. Busco entender e desenvolver certos caminhos nesta vereda de significações que presenciamos.
    Se não vejamos, este é um nobre exemplar de conjugações textuais diversas advindas de campos um tanto inusitados. Nota-se através do vocativo os indícios do tipo textual espitolar; ademais o teor irônico do texto, concentra-se no sutil desacordo entre a intimidade relacionada a esses tipos de texto com a frase que é posposta aos dois pontos. Também há de se observar a fabulosa construção que segue; que a julgar pelo início já citado esperaríamos uma continuidade coerente do genêro; que, todavia é quebrada pela breviedade do que se chamaria do corpo da carta.
    Neste pretenso corpo desenvolve-se um período curto composto de uma oração. Essa com um sujeito de marca informal, verbo de ligação condizente, e um predicativo e adjunto adnominal reveladores. Logo de cara o tom íntimo e caloroso é rompido com um interessante trecho: "Você não é nada" [pag. 1, prgf. 2, linha 1, MISERABLÈ, Le. 2010, http://sinaldanegacao.blogspot.com/2010/11/ao-mestre-com-carinho]. Tal gesto desconstrói com simples palavras todo conceito que estava sendo edificado. Um mecanismo deveras interessante, analisado piamenete por J.F.L.K.Bulijunp, que trás em si uma articulção não puramente estética ou estilística; mas uma formulação da estrutura de idéias desenvolvidas. Infelizmente certos desvirtuados relacionaram levianamente tais procedimentos a pensamentos libertinos ou até mesmo revolucionários. Devemos a Uukipovisk a desmitificação de tal equívoco.
    Aprofundando ainda mais nessa ruptura tornamos a ver que outros detalhes compõe tal impacto. Como a presença de sílabas fortes compondo uma esquema de fraco(Vo), forte(cê), forte(não), forte(é), forte(na), fraco(da). Esquema tal que baseia-se nos cantos tribais para cerimônias de guerra do clã Txêuá; o que atribui essa sensação intimidante. Sentida logo na primeira leitura, e quase inconsciente para os desatentos. E a grafia do morfema "nada" com fonte expandida e em negrito; perfazendo um precioso elemento visual que destaca os sentidos denotativo e conotativo sabiamente.
    Esses dois últimos levantamentos compõe a intersecção com o gênero lírico; resgatando tanto influências neo-romântico-socio-eco-conservacionis-amazô-mico-dourado-literária, quanto a poesia concreta. Estupendas relações somente apreciadas por uma análise contextualizada.
    E para coroar o nosso "petit ciel" temos o vaticínio: "sem a minha obediência". E conclui-se assim o texto. Esse desfecho prossegue a linha de ruptura e a conclui deixando um híato; num misto de questionamanto e afirmação, de destruição e construção. Permite-se assim trazer um traço argumentativo, que tem bases teóricas complexas sintetizadas em quatro palavras e um sinal gráfico. Intrigante é a forma como é desfeita uma possível interpretação errônea sobre a arbitrariedade da sublevação precedente; e até instiga, quem condena e/ou apoia esse movimento, sobre o motivo e as condições para a realização desse.
    Pode-se assim, sob a batuta dessas elocubrações, saborear a confluência de gêneros, intertextos, ritmos, imagens, idéias, influências, sentimentos, e sonhos, condensados e construídos nessa primorosa obra: poema(?),carta(?), tese(?), artigo(?), narração(?).
    Permaneçamos na eterna descoberta.

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  2. N.T: Errata- paragráfo 3, linha 7. Onde lê-se "piamenete", leia "piamente".

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A pseudo-comunicação é fácil demais.