sábado, 22 de setembro de 2012

Poema de Sergei Iessenin


Até logo, até logo, companheiro
Guardo-te no meu peito e te asseguro:
O nosso afastamento passageiro
É sinal de um encontro no futuro.

Adeus amigo, sem mãos nem palavras
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo!

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Prenúncios de um crítica do militante (por L.M., 2010)


A questão do comunismo é uma questão de próprio interesse, de nos livrar da pobreza crescente que nos ameaça e da miséria generalizada que nos assola que o processo de reprodução do capital implica nos dias atuais.

A abnegação e o “espiríto de sacríficio” são contra revolucionários.

O processo histórico de constituição do comunismo “é o movimento real que abole o atual estado das coisas”, que está implicado no modo como se configura o atual estado das coisas. Foi dentro desse estado de coisas que nos fizemos quem somos, foi esse estado que proporciona possibilidades e desejos cuja realização são por ele entravadas. A subversão implica algo que seja “subversível” e um novo estado de vida possível a partir dela mesma.

Ter consciência “teórica” de uma coisa, por si só, não faz com que haja um conhecimento mais rigoroso dessa coisa, de nós mesmos ou que tenhamos necessariamente uma atuação mais eficaz em relação a ela. Diz simplesmente que temos uma teoria, o que é um indicativo do nível de nossa pŕatica. Uma teoria só é revolucionária na medida a que serve a propósitos revolucionários, na medida em que é uma reinterpretação que transforma o mundo e a nós mesmos de forma radical.

De modo análogo, estar dentro de uma organização “revolucionária” e cumprindo/fazendo certas tarefas/atividades que podem qualificá-lo como militante não fazem um indivíduo “mais revolucionário”. Não há garantia nenhuma que a revolução fique mais próxima por causa dessas tarefas/atividades.

Acreditar que uma posição dentro de organização X ou Y, e uma atuação correspondente, por si só já o aproximam da Revolução, tem uma significação semelhante a achar que uma devoção à crença X ou Y o aproxima de Deus; pelo menos, segue a mesma lógica.

Achar que essa posição o qualifica acima de qualquer outra pessoa é um erro perigoso, que curiosamente pode levar a “atividade revolucionária” a cumprir o papel que antes era reservado à religião, a de ser:

(...) de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela; o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espirito; o ópio do povo.”

O que faz com que o militante e o líder político cumpram a função dos sacerdotes, a de especialistas da miséria, mesmo que inconscientemente. Esse fato não faz com que toda a prática e teoria desses especialistas seja sem valor, do mesmo modo que o caráter burguês de Adam Smith ou Ricardo não impediram suas teorias de terem valor. Ele apenas indica os seus limites reais.

A própria materialização dessa crítica indica que a superação desse papel já está engendrada nas atuais formas de vida e resistência; e pode-se dizer que é assim faz mais de quarenta anos, na época em que os situacionistas fizeram uma crítica semelhante.

A crítica do militante não interessa só pelo que ela explicita mas principalmente pelo que ela implica. Como diz Marx:

A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões. Por conseguinte, a crítica da religião é o germe da critica do vale de lágrimas que a religião envolve numa auréola de santidade.”

O ataque a condição do militante é um ataque as condições que necessitam dele, que o geram e alimentam. É deste ponto de vista que partimos para a análise dessa figura.

Para um militante, a crítica da militância é a pré-condição absoluta de toda crítica.

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