terça-feira, 30 de novembro de 2010

Entre Palhaços e Sindicatos

Texto inspirado em uma manifestação organizada pelo Sindicato dos Professores Municipais de Goiânia. Ainda por terminar, mas tem coisas interessantes!


Em 1844, Karl Marx, em sua Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, já dizia: "A última fase de uma formação histórico-social é a comédia". Houve épocas em que, com o aumento da população, a coletividade só podia sobreviver praticando o canibalismo. A comédia começou quando, mesmo após a caça sistemática ter provido a tribo de recursos suficientes, os feiticeiros continuaram a persuadir membros da tribo a serem devorados.
Hoje, estamos vivendo novamente uma era de comediantes. Os primeiros a se revelarem são justamente os gestores mais imediatos e grosseiros do capital: trata-se da burocracia sindical e política. Armados da mais poderosa inépcia, incompreensão e incapacidade, eles fazem da política do capital uma grande piada de mau gosto. Os primeiros, dos quais trataremos nesse texto, por agirem como se tivessem poderes e capacidade oratória, manipulativa, que eles já não tem. O desencontro com a realidade seria trágico, se não fosse cômico; afinal, apesar deles não perceberem, a própria dinâmica do capitalismo tornou a sua máquina organizativa, os sindicatos atrelados ao estado, ultrapassados: e o que são sindicalistas sem máquina?
Eles são o que vemos hoje em dia: pequenos humoristas! Vejamos, por exemplo, o modo como organizam suas marchas e revindicações hoje em dia:
  1. O primeiro passo é lotar ônibus com gente, o maior número possível de pessoas, só que sem muita propaganda. Propaganda dá muito trabalho e pode fazer surgir um debate, que a máquina não pode mais controlar. Então, o maior número possível com a menor qualidade organizativa necessária.
  2. No ônibus, os dirigentes não se dão ao trabalho de simular uma discussão. Apenas apresentam um programa que não se sabe de onde vem, para em seguida discorrer sobre o que realmente importa: o lanche, o almoço e a hora de ir embora. Por quê, onde, como? Não se sabe, não importa: apenas façam o que queremos e tudo terminará bem.
  3. Deveria ser feito um manual do discurso sindicalista: Fale, grite, rosne; cite números, estatísticas, 50% de aumento em sabe-se lá o quê, taxas com siglas obscuras, exija e ameace com sua retórica. Não se esquecendo do mais importante: as pessoas devem tratar o que você fala como música de fundo, ou como mais um ruído que atrapalha a conversa.
  4. No protesto propriamente dito, negocie. Não importa com quem, nem por que. Negocie e deixe os azarados ou “espertos” que te seguem esperando. Negocie até acabar a parte relevante e todos ficarem mais desmotivados ainda com tudo isso. Acima de tudo: não discuta com seus co-manifestantes o que está acontecendo. Isso atrapalhará o processo de desmotivação.
  5. Logo depois vá embora. Sem explicação: diga que o trânsito está ruim, que alguma coisa (se não for vago, não vale) deu errado. Então volte no ônibus e cuidadosamente recuse qualquer discussão. Faça piadas e converse, mas não incentive discussão! Aja como se fosse um guia turístico, acima de tudo.
Se hoje em dia a comédia não convence mais ninguém, o personagem não se importa: cumpre seu papel. Ele não percebe que se riem da sua atuação, é por desprezo e não admiração.

(Continua)

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Bem Vindo ao Deserto do Rio (parte 1)

Rio de Janeiro: A Arte de Enxugar Gelo

Como se fosse um velho filme que nunca parece sair da programação de reprises, vemos de novo cenas já tão familiares que nem conseguem mais despertar tanto interesse assim, mesmo com o impacto da violência explicita.

A eterna reprise segue o mesmo padrão de costume. Autoridades fazendo solenes declarações de que “desta vez” haverá solução para o problema da violência nos morros do Rio de Janeiro, policiais e militares explicando suas “táticas operacionais” e apresentadores de TV histéricos se alimentando da tragédia dos outros.

Nos programas de entrevistas, graves doutores “da direita” pontificam sobre a necessidade de se aumentar a repressão aos “bandidos”. Outros graves doutores “da esquerda” repetem seus discursos sobre a pobreza e o descaso para com os moradores das favelas. Para os primeiros, tudo é uma questão de “falta de rigor” com a “bandidagem”. Já para os segundos é tudo um “problema social”.

Em toda essa encenação, só uma coisa é certa: Nada vai mudar e o filme vai ser visto de novo. Até as pedras da rua sabem disso. Existe até um consenso entre os policiais mais experientes de que tudo não passa de um processo de “enxugar gelo com toalha quente”.

E por que tudo parece tão perfeitamente inútil? A resposta é simples: O problema das drogas é econômico e não tem nenhuma relação com “polícia versus bandido”.

A impressão que se tem é que todos os “especialistas” no assunto parecem simplesmente fazer de conta que não entendem o que está absolutamente óbvio: A violência nos morros é só um desdobramento de uma atividade bilionária que o poder público se recusa a reconhecer.

O poder do tráfico não vem das armas ou da violência intimidadora dos traficantes. Vem da renda líquida e certa da venda de drogas que atendem uma demanda sempre segura e relativamente indiferente a essas ações de pirotecnia. Os jovens aliciados para o tráfego não são atraídos por um misterioso gosto pelo crime ou por serem vítimas da pobreza. São atraídos pela mais antiga e irresistível força do capitalismo: A busca pelo lucro.

Em outras palavras, a “guerra das drogas” consiste de uma sociedade capitalista lutando contra o capitalismo!

O que devia ser discutido por todos é o que menos parece interessar: Por que a demanda por drogas é tão grande e mobiliza tantos recursos? Por que as drogas devem ser ilegais já que tantos parecem querer consumi-la? Ao invés disso, vemos uma cacofonia de “discussões bizantinas” que misturam táticas militares com “ações sociais”. Pura perda de tempo... 

Por Lauro Augusto Monteclaro

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ao mestre, com carinho:

Você não é nada sem a minha obediência.

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