terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aos trabalhadores do mundo e da Europa

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Uma convocação dos trabalhadores do mundo contra a onda mundial de medidas de austeridade, produzida pelos participantes na “Assembléia Geral Gare de l'Est e Ile de France”. Traduzido por L.M. Original em inglês aqui.
 

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Aos trabalhadores, desempregados, e estudantes da Europa

Somos um grupo de trabalhadores de diferentes indústrias e setores (ferroviários, professores, técnicos, temporários...), tanto trabalhando quanto desempregados. Durante as recentes greves na França, nos juntamos para formar uma Assembléia Geral de Todos os Ofícios (categorias), primeiro em uma das plataformas da Gare de l'est (uma estação de trem em Paris), depois em uma sala na “Bourse du Travail”. Nosso objetivo era juntar o máximo de trabalhadores possível da reigão de Paris. Porque havíamos cansado da colaboração de classe dos sindicatos, nos levando mais uma vez à mais uma derrota, queríamos nos organizar autonomamente para tentar unificar os diferentes setores em greve, espalhar a greve, e fazer com que os próprios grevistas controlassem o seu movimento.


Contra a guerra social dos capitalistas, os trabalhadores devem travar uma guerra de classes

Na Inglaterra, Irlanda, Portugal, Espanha, Grécia, França...em todo lugar estamos sob ataque. Nossas condições de vida estão piorando.

Na Inglaterra, o governo de Cameron anunciou que 500.000 empregos vão ser retirados no setor público, um corte de 7 bilhões de libras foi planejado nos orçamentos sociais, a mensalidade universitária triplicou, etc...

Na Irlanda, o governo de Cowen acabou de diminuir o salário minímo por hora em 1 euro (mais de 10%), e pensões em 9%.

Em Portugal, os trabalhadores enfrentam um desemprego recorde. Na Espanha, o grande “socialista” Zapatero está cortando em todo lugar: seguro desemprego, seguridade social, saúde...
Na França, o governo continua a sucatear nossas condições de vida. Depois da nossa aposentodaria, vem a saúde. O acesso à tratamento médico está ficando cada vez mais difícil e caro: cada vez mais remédios não são reimbolsados, planos de saúde estão aumentando o preço, hospitais estão demitindo. Como todos os outros serviços públicos (o correio, gás e eletricidade, telecomunicações), o serviço de saúde está sendo sucateado e privatizado. Como resultado, milhões de famílias de trabalhadores não conseguem mais ser atendidas!

Essa política é vital para os capitalistas. Frente o desenvolvimento da crise e o colapso de setores inteiros da economia capitalista, eles acham cada vez mais dificuldade em encontrar mercados onde o seu capital pode gerar lucro. Consequentemente, eles estão com mais pressa ainda de privatizar serviços públicos.

No entanto, esses novo mercados oferece menas válvulas de escape produtivas do que os pilares da economia mundial como construção, petróleo, ou a indústria de carros. Até mesmo na mais favorável das circunstâncias, eles não permitir à economia tomar impulso de novo.

Nesse contexto de colapso generalizado, a luta por mercados entre os grandes trustes internacionais mais se acirrar ainda mais. Vai se tornar uma questão de vida ou morte para os investidores de capital. Nessa luta, cada capitalista vai tentar se refugar atrás de seu Estado para se defender. Em nome da defesa da economia nacional, os capitalistas vão tentar nos arrastar para dentro da sua guerra econômica.

Nessa guerra, as vítimas são sempre...os trabalhadores. Se escondendo por trás da defesa da economia nacional, cada classe dominante nacional, cada Estado e cada patrão vão tentar diminuir “custos” de modo a manter a sua “competitividade”. Concretamente: eles não irão parar de atacar as nossas condições de vida e de trabalho. Se deixarmos eles se safarem com isso, se concordamos em “apertar os cintos”, não haverá fim para esses sacrifícios. Eles irão terminar colocando nossas próprias vidas em questão!

Trabalhadores, nos recusemos a deixar que nos dividam por ofício, categoria ou nação. Nos recusemos a travar essa guerra econômica dentro ou fora das nossas fronteiras nacionais. Lutemos juntos, e vamos nos unir na luta! Nunca as palavras de Marx foram mais urgentes: “Trabalhadores de todos os países, uni-vos!


Depende de nós, trabalhadores, controlar as nossas próprias lutas
Hoje em dia, são os trabalhadores na Grécia e na Espanha, os estudantes na Inglaterra, que estão em luta contra governos que – sejam de esquerda ou direita – são os servidores das classes dominantes. E como nós na França, vocês estão contra governos que não hesitam em usar da repressão violenta contra os trabalhadores, desempregados, universitários e estudantes escolares.

Esse outono na França, nós tentamos nos defender. Fomos para as ruas aos milhões para mostrar nossa recusa em aceitar esse novo ataque. Lutamos contra a nova lei de aposentadoria, e contra toda as medidas de austeridade a que estamos sujeitos. Dizemos “Não!” ao crescimento da pobreza e da precarização.

A intersyndicale (comitê conjunto dos sindicatos à nível nacional e local, nota do tradutor) nos levou intencionalmente para a derrota lutando contra qualquer extensão do movimento grevista.
Em vez de quebrar as barreiras entre categorias e setores para unir trabalhadores, ela manteve as reuniões de assembléia fechadas em cada local de trabalho fechada para outros trabalhadores;


  • Ela realizou ações espetaculares para “bloquear a economia” mas não fez nada para organizar piquetes de greve ou piquetes voadores/volantes que poderiam ter trazido outros trabalhadores para dentro da luta – que é algo que alguns trabalhadores e temporários tentaram fazer.
  • Ela negociou a derrota pelas nossas costas, e sob portas fechadas de gabinetes ministeriais
A Intersyndicale nunca rejeitou a lei das aposentadorias, ela até repetiu à exaustão que era uma lei “necessária” e “inevitável”! Caso ouvíssemos os sindicatos, deveriamos ter nos satisfeito com a exigência de “mais negociação entre governo, sindicatos e patrões”, ou “mais medidas para fazer a lei mais justa”...

Para lutar contra todos esses ataques, não podemos contar com ninguém além de nós mesmos. Defendemos nesse movimento a necessidade dos trabalhadores se organizarem nos seus locais de trabalho em reuniões soberanas de massa (“assembléias gerais”), de coordenarem a greve nacionalmente e dirigí-la por meio de delegados eleitos com mandato imediatamente revogáveis. Só uma luta liderada, organizada, e controlada por todos os trabalhadores – tanto em seus métodos quanto em seus objetivos – pode criar as condições necessárias para a vitória.
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Sabemos que a luta não terminou: os ataques vão continuar, as condições vão ficar cada vez mais difíceis e as consequẽncias da crise capitalista só vão se agravar. Em todo lugar, no mundo inteiro, teremos que lutar. E para isso temos que encontrar novamente confiança em nossa pŕopria força:


  • Nós podemos controlar nossas próprias lutas e organizar-nos coletivamento.
  • Nós podemos discutir em conjunto de forma fraterna e aberto, e podemos falar livremente uns com os outros
  • Nós podemos controlar nossas próprias discussões e nossas decisões soberanas.


Nossas reuniões de massa não devem ser controladas pelos sindicatos, mas pelos próprios trabalhadores.
Teremos que lutar para defender nossas vidas e o futuro de nossas crianças!
Os explorados do mundo inteiro são irmãos e irmãs da mesma classe!
Só a nossa unidade através de todas as fronteiras nacionais pode derrubar esse sistema de exploração.


Participantes da AG Interpro “Gare de l’Est et Île de France”
Nos contate: interpro@riseup.net


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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Esperança contra esperança -- uma quebra necessária


Comentário sobre algumas das contradições no movimento estudantil inglês de 2010 e suas exigências por um “direito à educação”. Original em inglês aqui. Traduzido por L.M.
MillbankO que foi tomado deles para lhes dar tanta raiva? Esperança, isso é que foi. Esperança, e a frágil bolha de aspiração social que nos sustentou durante décadas de desigualdade crescente; esperança e a crença de que se trabalhássemos duro e fizéssemos o que mandassem e comprássemos as coisas certos, pelo menos alguns de nós conseguiriam os bons empregos e lugares seguros para viver que nos prometeram.
- Laurie Penny, New Statesman, 3rd Dec 2010
Uma única imagem de um dia de movimento demarca as noções antagônicas de esperança. Uma bota através de uma janela de Millbank alimentou os sonhos de resistência com que muitos na Esquerda ansiavam desde que se começou a falar de austeridade. A mesma bota colocou a questão que se mostra nas ocupações universitárias que a precederam e que surgiram desde então: a nossa esperança é do quê, exatamente?

A questão de como os estudantes inspiraram muitos a agir, participar e se organizar para combater os planos de austeridade do governo é importante. Trata-se de um questão que potencialmente contrasta com a visão dos próprios estudantes. Porque – sejamos claro – não é necessariamente (ou mesmo principalmente) a Universidade ou a sua defesa que mobiliza os desejos e sonhos fora do movimento estudantil. A defesa do “direito a educação” pode ter sido o que desencadeou as revoltas de estudantes, mas aqueles de nós que não estão estudando entraram nisso porque queremos, mais do que qualquer coisa, resistir e lutar. E pra resistir e lutar você precisa saber que a resistência é possível, que você não ficará sozinho, e que você pode vencer. Porque a maior parte da resistência até agora ao regime de austeridade tem sido passada e pouco inspiradora – uma greve traída aqui, uns trabalhadores demitidos ali.

Pequenas vitórias e milhares de palavras sobre um levante inevitável, de uma insurgência contra a reestruturação. A bota atravessando a janela nos levou adiante da retórica e dos anseios. Ela mostrou a fúria e a vontade de lutar. Mostrou policiais desnorteados e despreparados, escritórios do Tory saqueados e a beleza dos excessos de um momento insurrecional. Foi inspirado porque era realmente mágico, e pessoas viram por elas mesmas que batalham podiam ser travadas, que a gente iria lutar, e que vencer era possível.

Mas além disso qual a sustentação do “direito á educação”? Porque esse era o ponto inicial para o motim e o laço que une as manifestações, marchas e ocupações. Os cortes na Education Maintenance Allowance (bolsa estudantil), a demissão de departamentos universitários inteiros e inúmeros funcionários, e o aumento das mensalidades. A reestruturação é um ataque à educação como ela existe na Universidade; uma revisão completa de quem pode acessar o quê. É talvez tomado como dado que todos 'nós' apoiamos o direito à educação, e que todos nós estamos unidos na nossa defesa da Universidade. Mas e se não estivermos?

E se for apenas a nossa fúria e não nossas esperanças que estão unidas? E se estivermos juntos apenas pela luta, mas não pela vitória?

Laurie Penny mostra a grande motivação por trás do motim – esperança. Ou melhor, a reestruturação dela e sua futura escassez. Reestruturação e escassez porque esperança não é algo eterno ou efêmero. Esperança é uma coisa material, produzida e distribuída por canais sociais e instituições. Instituições como a Universidade.

O que queremos dizer por esperança socialmente produzida? Sociedades diferentes produzem diferentes tipos dela. Na verdade, cada sociedade diferente produz diferentes tipos dela. A esperança é uma força mobilizadora e organizadora que estrutura a direção e as possibilidades de nossas vidas. Assim como a memória molda o nosso entendimento do passado e como percebmos o que somos hoje, a esperança define a nossa compreensão do futuro – o que haverá, o que poderia haver, quem e como nós tornaremos algo mais do que somos hoje. Esperança e memória dão forma e propósito a nossas ações; elas dão significado à nossas vidas.

Existem versões em competição de esperança em uma determinada sociedade, mas também há um forma hegêmonica de esperar. Para nós, vivendo num mundo a-ser-neoliberal, essa forma hegemônica é aspiração. Mas não aspiração no sentido de ambicionar à grandeza em algum sentido heróico Grego, ou algo romântico e colorido. Não, para nós aspiração tem um tom e matiz bem particular – que significa mobilidade social. Esperança é individual em nosso mundo, nunca coletiva – a esperança de empreendedores sonhando com a grande sorte. Não apenas subindo a escada mas se sobrepondo a todos os outros. Esperamos mobilidade social. Que é exatamente como Penny mostra, assim como a maioria dos cartazes nas ruas. Esperança, a forma dominante de esperança, é para se dar melhor que seus pais.

A esperança não é distribuída de forma uniforme – quais esperanças existem e quem tem acesso a elas dependem de onde você se localiza (seja você pobre, ou negro, deficiente, mulher, jovem, morador do interior, etc). A esperança neoliberal – a aspiração – está cada vez mais restrita a um circulo cada vez menos de pessoas: aqueles que ainda vão bem na atual crise; aqueles que estão acima do tampão do 'meio apertado'. Para o resto, resta a loteria. (Pra ser claro, têm havido gente “sem futuro” (sem chance) por bastante tempo – uma sub-classe vivendo um tipo de morte social de vidas sem sentido e direção, escondidos sob Anti-Social-Behavior-Ordens (Ordens de Prevenção de Comportamento Anti-Social) em reformátorios¹. Mas essa vai se tornar a norma para muito,muito mais gente.)

Isso por sua vez gera uma escassez de esperança e um aumento no número de pessoas sujeitas à morte social – uma vida definida como sem futuro e dessa forma, sem sentido. Uma vida encurralada sem lugar nenhum para ir. Isso gera uma crise de expectativa que pode se manifestar em um número de formas. A mais óbvia é ressentimento contra aqueles que ainda tem esperança. Também é visível nas tentativas desesperadas de retomar alguma esperança – por meio de memórias de privilégios por nacionalidade, raça e gênero (como os mobilizados pelo BNP).

A atual crise é um ponto de viragem de uma economia mista de esperança – onde política neoliberais e subjetividades pressionam contra as formas mais antigas de direito e ideais de justiça e mobilidade social. Estamos vivenciando o parto de uma era verdadeiramente neoliberal onde significado, expectativa e o próprio futuro são escassos e estão fora do alcance da maioria de nós.

É aqui, na articulação de uma nova ordem social e no colapso dos direitos remanescentes do Estado de Bem Estar, que a reestruturação da esperança vem a ser percebida como uma crise de expectativa. Estamos entrando em uma era de escassez do futuro. 

Está claro que os estudantes estão se revoltando contra a perda dessa esperança e desse futuro. A mobilidade social (tal como atualmente existe) está sob ataque. O 'meio apertado' e seus filhos se tornarão, como a existente subclasse, uma nota de rodapé das histórias maiores e mais felizes de profissionais bem sucedidos. A revolta estudantil fala para todos nós como a primeira revolta aberta contra a expansão da morte social e o colapso da circulação mais geral da aspiração.

Então a perda de direitos é real, e a revolta também. Mas devemos parar aqui e perguntar se esse é o fim da história contada pela bota. Será que aquele garoto chutando a janela realmente só queria se dar melhor que seus pais? Será   que ele realmente queria manter a Universidade como ela está?

Vamos voltar à ideia por trás da aspiração neoliberal – mobilidade social. Mobilidade social significa progredir, se dar melhor que seus pais e seus rivais: significa que enquanto você anda outros tem que ficar parados. Mobilidade social precisa de perdedores e ganhadores. Expectativa – ou aspiração – confirma o mundo desigual em que vivemos. E a educação – esse processo formal de diferenciação, onde alguns terminam com títulos e contatos e outros com empregos sem futuro – é essencial para a criação e manutenção dessa desigualdade. Ela reforça o papel da Universidade em distribuir de forma desigual significado, possibilidades, empregos e outras formas de riqueza social. Colocado desta forma, o direito à educação significa o direito a ser desigual. O direito à educação serve para sustentar o mito da meritocracia – o mito de que é por meio de trabalho duro e habilidade e não conexões, posição de classe e privilégio, que as pessoas chegam aonde estão hoje. O direito a uma educação significa que se você for bem em provas padronizadas (com a ajuda de ter certas condições económicas, ir para a escola certa e ter uma vida familiar estável) então você merece ir para a Universidade e firmar seu lugar perto do topo da hierarquia social (se você conseguir entrar numa universidade relativamente decente, ainda que não saibamos quantas universidades 'ruins' vão restar após os cortes). A quebra do direito à educação – pela falta de empregos para graduandos (como é o caso atualmente), ou aumentando os custos para 'conquistar' um título, colocando-o assim fora do alcance de todos exceto os muito ricos – é a quebra do direito de não ser da classe trabalhadora.

Olhando dessa forma, através do vidro quebrado, nós podemos ver que o motim foi além da mera aspiração. Assim como as ocupações de universidade foram além da simples questão do “direito à educação”. A alegria encontrada na revolta transborda os limites do desejo vulgar de ficar na frente( dos outros).

Mas aqui nós (tanto os que são estudantes quanto os que não são) nos encontramos num duplo dilema. Precisamos defender a mobilidade no mundo tal como ela está – a sua defesa é a defesa das vidas atualmente existentes e da real possibilidade de ter uma existência social significativa. E também precisamos defender o financiamento da educação como ele está agora. A resistência a pagar mais por educação é a defesa dos ganhos sociais feitos por gerações passadas e a defesa do salário social. E defendê-lo (o salário social) é exatamente o que muitos estudantes (e vários de seus apoiadores) estão fazendo. Mas ao meramente defendê-lo estamos defendendo a mais sagrada das liberdades neoliberais – a liberdade de ser desigual. A defesa dessa liberdade significa a defesa da Universidade como um mecanismo de “filtro” instalado para nos segregar entre educados e sem educação; entre aqueles que tem acesso a uma “carreira profissional” e aqueles que não tem. Aqueles cujas vidas tem significado e aqueles cujas vidas não tem.

Então devemos ir além da mera defesa. O motim tem tanto a ver com sonhos que ainda não se tornaram possíveis quanto com a perda de direitos atualmente existentes. Há esperanças dormentes ou escondidas que falam de caminhos diferentes de ser; de diferentes tipos de sonhos e futuros. A crise de esperança e a escassez de futuro que virá para muitas pessoas é um quebra que faz possível um tipo de esperança de diferença – uma esperança contra a expectativa, violentamente contra a aspiração e a fria conformidade.

As revoltas estudantis são a fratura na fachada. Os estudantes sentem que não apenas suas vidas estão mudando, mas que o mito da mobilidade que vêm sustentado a Universidade nos últimos anos está sendo liquidado. Esses são os primeiros protestos na Inglaterra a contestar a mudança de significado da esperança, e a austeridade de sonhos que anuncia o futuro neoliberal.

Mas para ser honesto e coerente à revolta e à promessa de um tipo diferente de esperança, mais uma quebra é necessária. Uma quebra da Universidade e da educação como ela é atualmente. Pois aqui percorremos um círculo completo.

Porque se os protestos e ocupações falarem apenas da importância da educação, e da necessidade de defender a Universidade, o movimento vai definhar rapidamente. As pessoas podem ver claramente o que a Universidade é agora.

A janela está quebrada. Podemos ver claramente que a Universidade é uma máquina que cria a morte social.

Eventualmente a inspiração da luta e vitória inicial irá enfraquecer, e o conteúdo da revolta vai ter que se sustentar em si mesmo. Se o conteúdo dessa luta for apenas o de restaurar essa máquina,o de defender a liberdade de ser desigual, fracasso é tudo que podemos esperar.

Mas se a luta coloca em questão a própria existência de tal máquina, e reabre a questão do aprendizado em oposição à educação – para o auto-desenvolvimento, a exploração do interesse e da inclinação, e para garantir a navegação da curiosidade e do desejo; em suma, o aprendizado como uma forma de criar novas possibilidades e significados – então a janela poderá continuar quebrada por um bom tempo.
N, Dezembro de 2010
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NOTAS DE RODAPÉ:
[1] Estou falando da forma hegemônica de expectativa aqui. Aqueles sem esperança no sentido normativo convencional frequentemente resistem através da produção de visões e sonhos alternativas; outros tipos de esperanças e sociabilidades, rejeitando de pronto os limites do convencional e da ética-da-aspiração.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Canção Anônima

Eles tem códigos e decretos.
Eles tem prisões e fortalezas.
(sem contar seus reformatórios!)
Eles tem carcereiros e juizes
que fazem o que mandam por trinta dinheiros.
Sim, e para que?
Será que eles pensam que nós, como eles,
seremos destruídos?
Seu fim será breve e eles hão de notar
que nada poderá ajudá-los.

Eles tem jornais e impressoras
para nos combater e amordaçar.
(sem contar seus estadistas!)
Eles tem professores e sacerdotes
que fazem o que mandam por trinta dinheiros.
Sim, e para que?
Será que precisam a verdade temer?
Seu fim será breve e eles hão de notar
que nada poderá ajudá-los.

Eles tem tanques e canhões,
granadas e metralhadoras
(sem contar seus cassetetes!)
Eles tem policia e soldados,
que por pouco dinheiro estão prontos a tudo.
Sim, e para que?
Terão inimigos tão fortes?
Eles pensam que podem parar,
a sua queda, na queda, impedir.
Um dia, e será para breve
verão que nada poderá ajudá-los.
E de novo bem alto gritarão: Parem!
Pois nem dinheiro nem canhões
poderão mais salvá-los. 

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