quarta-feira, 21 de abril de 2010

Receita Para Fazer Um Herói

Tome-se um homem,
feito de nada, como nós,
E em tamanho natural,
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto

Reinaldo Ferreira, 1991

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domingo, 18 de abril de 2010

Entre a revolução na poesia e a poesia da revolução


 Um trechinho inspirado e desviado por minha autoria sobre um cara que muito me interessa. Ele pode ter errado muito, mas acertou no essencial..

" O nome “Marighella” não indica somente uma pessoa, ele indica uma possibilidade existencial, uma maneira de estar-no-mundo, um poder de afirmação. Se ele foi tão perseguido, difamado e se tentaram jogá-lo debaixo do tapete da história como se viu é em parte por causa da teimosia com que a sua poesia, o seu exemplo, ainda tem o poder de inspirar as novas gerações. A prisão, o assassinato, o esquecimento e a transformação do homem em mito são alguns dos meios mais eficientes de tentar isolar dos outros seres humanos aquelas existências que são ardentes demais.
 
É essa possibilidade, esse fogo que tão facilmente se alastra, que eles tentaram matar quando mataram o corpo do nosso querido amigo e que eles tentaram esconder ou neutralizar com as suas histórias oficiais e mitificações. A possibilidade de uma vida autêntica, livre e consequentemente em guerra permanente contra a opressão. A possibilidade de que haja vida, enfim, se admitimos que o conformismo é a morte.

Marighella não teve tempo pra ter medo. E nós, será que temos? "

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Malvadinhos


Uma tirinha sumamente curiosa!

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sábado, 10 de abril de 2010

MAIPMC


Tantas coisas em promoção...um celular, talvez uma vaga no mercado de trabalho, quem sabe uma na universidade. Para os mais esforçados e servis, uma chance de ser promovido: ser aluno modelo, passar no vestibular, ser empregado do mês, filho ideal, ter uma imagem respeitável, um carro admirável...se ficamos tristes, nos “oferecem” antidepressivos e a conformidade. Se revoltados, o consolo das religiões e dos partidos políticos. Se não nos adaptamos, a polícia e o hospício estão à disposição, pra não falar das escolas-prisões. Enfim, todo o necessário para uma sobrevivência adequada da espécie!
Acontece que nem todos cabemos na oferta. O preço (nossa humanidade) pode ser barato para alguns e por algum tempo – para nós é inaceitável. A adequação pode ser melhor do que a morte, mas essas não são as únicas opções: são apenas as opções com que esse mundo nos “brinda. Talvez queiramos escolher em nosso nome. Estabelecer a nossa oferta.
Talvez, nós estejamos procurando algo diferente da morte lenta que o seu poder nos impõe.Talvez queiramos respirar, mas o ar polúido pela máquina do capital nos sufoca. Talvez queiramos ser livres e não aceitamos mais a falsa liberdade de uma gaiola maior. Talvez queiramos criar livremente, mas a sua escola nos esteriliza.
Chegamos à conclusão de que a sua oferta é a morte da nossa procura. Que não existe dignidade na escravidão, por mais pacífica que seja; que não pode haver autêntica felicidade enquanto estivermos cercados por desolação...que o peso das coisas só nos deixa mexer sem sair do lugar.
Nossa questão não é se vivemos mais ou menos pobremente, mas que a vida nos escapa. Ela nos é tomada. Resolvemos retomá-la. Cansamos de ficar isolados e impotentes: buscamos aqueles com anseios semelhantes para estabelecer novas relações. Construir a ruína desse mundo que arruína nossas vidas. Buscar os meios da nossa libertação.
A conclusão disso não se dará em palavras, mas sim em nossa vidas.

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