sábado, 22 de janeiro de 2011

Philip Larkin - This Be The Verse wrote:

They fuck you up, your mum and dad.
They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
And add some extra, just for you.
But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
And half at one another's throats.
Man hands on misery to man.
It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
And don't have any kids yourself.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Luta de classes na Tunísia

Uma onda massiva de tumultos criados por pessoas comuns contra o governo arrebataram a Tunísia nas últimas três semanas sob um boicote quase absoluto da mídia ocidental. Observamos o que vêem acontecendo e porque isso está sendo mantido fora das nossas televisões.

No dia 18 de Dezembro, a polícia Tunísiana abordou Mohamed Bouazis, um graduando universitário desempregado, e confiscou o carrinho de mão de frutas e vegetais que ele estava vendendo para se sustentar e à sua família. Enfurecido pela injustiça e desesperando de conseguir escapar da destituição e fome prevalecentes na economia empobrecida da Tunísia, cada vez mais assolada pelo aumento dos preços da comida, o jovem homem se incendiou em protesto na frente da prefeitura de Sidi Bouzid, 200km de distância da capital Tunis. O jovem morreu logo depois no hospital.


Enraivecidos pelo incidente, centenas de jovens locais que sofriam da mesma forma do desemprego e da repressão pela polícia e pelo Estado do regime ditatorial Tunisiano se juntaram para protestar contra o acontecido. A polícia local respondeu com gás lacrimogênio e violência. Deste então, tumultos massivos e confrontos violentos com a polícia abalaram o país nas últimas três semanas. Em Kesserine, outra cidade do interior, longe da industrial turística da região litorânea, o número de mortos estimado pelos médicos locais e funcionários de hospital passou de 50 no último fim de semana apenas.


Mas a selvageria da guerra civil que irrompeu entre o povo da Tunísia, desde a juventude desempregada, estudantes escolares e universitários, sindicalistas, artistas, intelectuais e mesmo advogados, contra a camarilha corrupta que se reúne em volta do ditador (em tudo, exceto nome), o Presidente Zine El Abidine Ben Ali, pode muito bem não estar acontecendo até onde as grades de notícia da RTE, BBC e o resto da mídia ocidental se preocupam. Comentadores na Al Jazeera e outros meios de comunicação arábes vem apontado amargamente a hipocrisia da mídia ocidental que mostrou a resistência do movimento verde iraniano à corrupção eleitoral de Ahmedi Nejad nas últimas eleições em todos os jornais noturnos, mas está agora censurando a maior história no mundo Arábe atualmente. Será porque o regime de bem Ali é “um amigo do Ocidente”? O muro de silêncio imposto pela nossa “corajosamente independente e imparcial” mídia é significativo.

Enquanto isso, no mundo Arábe, desde o Egito até a Syria, bloggers e observadores comuns estão tomados por entusiasmo pelo que estão chamando da Intifada Tunisiana. A experiência de ser espremido entre regimes corruptos, ditatoriais e repressivos e aumento dos preços da comida é comum à maioria das pessoas na região. Apesar do governo Tunisiano ter fechado jornais da opsição e prendido e torturado jornalistas que ousaram cobrir a luta, a cobertura ainda está passando através do Twitter (siga #sidibouzid), apesar do Facebook ter se dobrado para ajudar o regime de bem Ali (e seus aliados da CIA) retirando as páginas de qualquer jornalista ou Tunisiano comum cobrindo a história.


A intifada ainda está acontecendo, e ontem ela alcançou os subúrbios da capital Tunis, e tropas foram utilizadas nas ruas pela primeira vez. Bem Ali ostensivamente tentou dar sinais de mudança demitindo seu ministro do interior e prometendo que ele irá começar um programa para criar 300.000 empregos nos próximos dois anos. Mas membros de sua família foram vistos fugindo do país.
Vitória e liberdade para os trabalhadores Tunisianos! Abaixo a ditadura de Ben Ali!

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Que espetáculo de vida!

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domingo, 2 de janeiro de 2011

O real significado do comunismo - por Luther Blisset

 Prelúdio
 
Escrevi um texto, assim meio espontâneo.

I.

O comunismo foi historicamente confundido com as sociedades de capitalismo de Estado do leste europeu e adjacências. Tais formações foram interpretadas tanto por liberais quanto por esquerdistas, como sendo o auge do marxismo e teriam a ver, segundo a mesma interpretação, com a realização prática da teoria marxista. O significado do comunismo acabou sendo absorvido por tais regimes, que se arrogavam a cada dia de sua existência como sendo a única e possível realidade do socialismo.

II.

O objetivo deste artigo não é fortalecer o cinismo dos capachos do capitalismo globalizado; trata-se, antes, de reverter esta confusão e de esclarecer de uma vez por todas a natureza e o conteúdo do comunismo.

III.

As formações do “socialismo real” nada tinham a ver com o comunismo. Na verdade, se aproximavam mais de um capitalismo de Estado do que de qualquer outra coisa. Primeiro, pelo fato que o comunismo pressupõe a não-existência do Estado, ao passo que tais sociedades eram centradas na figura do Estado. Segundo, porque o comunismo não é um capitalismo “melhorado”, onde os operários se apropriam da “mais-valia” que produzem para proveito próprio; o comunismo não é a socialização do capital com uma posterior generalização do status de trabalhador, mas a extinção do capital e do trabalho. 
 
V.

Devíamos nos perguntar, em primeiro lugar: o que define o capitalismo? Afinal de contas, o capitalismo não se define apenas pela oposição entre “proletariado” e “burguesia”, tampouco pela “propriedade privada dos meios de produção”. Na verdade, este se diferencia mais pelo fato de que os meios de produção não são acionados tendo em vista a satisfação de necessidades, mas o lucro em dinheiro, a valorização do capital.

O capital não é o instrumento de produção por si só, menos ainda o trabalho acumulado. Do contrário, poderíamos definir as formigas como sendo capitalistas. O capital é, antes de tudo, uma relação de produção. O que significa isso? Significa que por meio do processo de “metabolismo do homem com a natureza”, as pessoas estabelecem determinadas relações entre si ou formas de se relacionarem mutuamente por mediação das forças produtivas. Mas o capital não é um princípio restrito à “economia”; antes, trata-se de todo um modo de produção e de reprodução da sociedade, de uma relação social total, que diz respeito a todo o conjunto das relações sociais humanas. Assim, o capital é uma relação social que, como resultado, gera a submissão do trabalho vivo ao trabalho morto, do fazer ao feito, do fazer vivo ao fazer objetivado. Trata-se da subordinação do agir humano em geral a um fim estrangeiro, que é estranho ao ator: o fim em si mesmo da acumulação capitalista.

V.

Quando o capital domina no seio da atividade produtiva, surge uma outra esfera, aparentemente oposta, denominada “circulação”. É por onde circulam as mercadorias, pelo viés de onde se realiza o valor ou o mais-valor (“mais-valia”) disposto no ato produtivo. Sobretudo, é o espaço onde as relações sociais entre as pessoas tomam a aparência fetichista de uma relação social entre coisas (entre o meu dinheiro e a sua mercadoria e vice-versa). As relações entre as pessoas e suas atividades ficam condicionadas a ser um mero meio de realizar o “trabalho morto” representado nas mercadorias.  
 
VI.

Partindo de tal análise fundamentalmente crítica da natureza do capital, poderíamos definir o comunismo como sendo a supressão das relações mercantis e da produção de mercadorias, para que o controle dos homens sobre o sentido e o produto de suas atividades seja enfim realizado.

VII.

O comunismo não tem nada a ver com o estabelecimento da “igualdade” entre os indivíduos. Não faz parte de nossos sonhos um tal mundo onde todos comam da mesma comida, compartilhem das mesmas vestes e durmam em lares idênticos. Tais fantasias são a antítese do comunismo!

Menos ainda queremos uma sociedade onde todos ganhem o mesmo salário, sem distinção. O comunismo não é igualdade de salários! Isto seria equivalente à generalização da privação. Antes, o comunismo exige que os indivíduos possam exercer suas diferenças e desenvolver livremente suas potencialidades físicas e intelectuais. No capitalismo, ao contrário, todas as pessoas foram embutidas numa mesma fôrma, independente de seu conteúdo em particular. Em referência ao mercado de trabalho, são todas “mão de obra”, mercadoria força de trabalho; em referência ao Estado, todos contam como sujeitos-voto.

VIII.

As sociedades do leste europeu, bem como Cuba e outros países ditos “socialistas”, não passavam de sociedades de “mercado planificado”. De fato, de acordo com a abordagem de Kurz em “O Colapso da Modernização”, poder-se-ia dizer que os bolcheviques não suprimiram o capitalismo em Rússia, apenas o fizeram introduzir tardiamente. Uma “modernização retardatária” nos moldes do absolutismo.  

IX.
 
Por fim, seria importante ressaltar o caráter dialético da concepção de “comunismo” em Marx. Em “A Ideologia Alemã”, Marx diz em termos claros que:

“Para nós, o comunismo não é um estado que deva ser implantado, nem um ideal a que a realidade deva obedecer. Chamamos comunismo ao movimento real que suprime com o atual estado de coisas”;

Quer-se, desta forma, focar o comunismo não enquanto um “ideal” distante, mas como um elemento presente na própria realidade do capitalismo, como um elo vivo entre o presente e o futuro. O capitalismo não “é”, simplesmente; ele é e existe em constante tensão com aquilo que ele não é. As formas burguesas das relações sociais não estão pronta e devidamente acabadas. Elas não foram estabelecidas num passado longínquo, mas estão sendo estabelecidas, quebradas e re-estabelecidas a todo tempo. Como explica Holloway, as formas burguesas são formações, processos de formação das relações sociais. A forma-Estado, a forma-mercadoria, a forma-capital e assim por diante, são formas maleáveis. Felizmente, não existe um capitalismo “puro” e “total”. No próprio cotidiano das “pessoas comuns”, a crítica do valor se engendra enquanto expressão de uma desarmônica relação entre as necessidades humanas e a economia. À tendência de “ressolidarização” e de reconstituição da comunidade, denominamos comunismo.  

X.

O comunismo é o movimento que age no sentido de suprimir a sujeição do presente ao passado, do trabalho vivo ao trabalho morto, e nesse desenrolar de coisas, tende a extinguir a oposição de classes no seio da sociedade.

Uma vez suprimida a propriedade privada, a oposição entre o “público” e o “privado” e a cisão entre o interesse geral e o interesse particular desaparece. O Estado desmorona como expressão dessa cisão, não para que seja suplantado por uma “democracia direta”, pois a democracia pressupõe a cisão de interesses. Ademais, no comunismo não há uma esfera separada denominada “política” em oposição à uma esfera “econômica”. A vida social opera por meio de um conjunto de relações sociais que não se excluem mutuamente. Enfim, deslumbra-se a comunidade humana.

- FIM -

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